Não é de hoje que tenho ouvido sobre o assunto:
namoro cristão. Muitos adolescentes e jovens chegam para pedir conselhos, porém
com uma definição já em mente do que querem. Quero trazer algumas considerações
ao seu coração, sem afirmar/determinar o que é certo ou errado (Não sou o dono da verdade).
Em minha opinião o que é o namoro? É a ligação
amorosa ou afetiva entre duas pessoas que desejam se conhecer intimamente. Tem
como fim o casamento, formação de família. E o que não é? Na minha concepção,
namoro nunca foi passatempo, nem divertir com a/o filha/o dos outros. Não é não ter
planos futuros, e muito menos deixar de pensar no amanhã. É ter planejamentos e
sonhos parecidos, é não estar em jugo desigual.
Partindo desse ponto, vamos direto ao assunto: O que
é jugo desigual? Um jugo é uma barra de madeira
que une dois bois um ao outro e à carga que puxam. Uma junta em "jugo
desigual" tem um boi mais forte e um mais fraco, ou um mais alto e um mais
baixo. O boi mais fraco ou mais baixo anda mais lentamente do que o mais alto
ou mais forte, fazendo com que a carga se mova em círculos. Quando os bois
estão em jugo desigual, eles não podem executar a tarefa que está diante deles.
Em vez de trabalhar juntos, estão em desacordo um com o outro. Em 2 Coríntios
6:14, diz: "Não vos ponhais em jugo desigual com os
incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade?
Ou que comunhão, da luz com as trevas?"
Nos aconselhamentos que dou, sempre
faço questão de não indicar o que eu penso. Gosto de fazer a pessoa refletir,
julgar por si mesma se as suas vontades estão unificadas com as que a Bíblia
nos ensina. Sempre ouço a seguinte frase: “Não namoro com pessoa de igreja
porque eles/elas são piores que os do mundo”, “Estou namorando, mas ao mesmo
tempo ensinando Deus a ele/a”, ou “Já vi namoros de cristãos darem errado e não
quero passar pelo mesmo”. Escuto isso e mais uma gama de opções que defendem o
jugo desigual. Mas a realidade é que as concepções de um adolescente/jovem
apaixonado que já vem precedida da paixão, é basicamente irreversível,
justamente pelo fato de a pessoa levar a emoção mais a sério que a razão, e por
ela já estar gostando de fato da pessoa. Razão e emoção devem andar juntas.
Quando digo que razão e emoção
devem andar juntas, quero dizer o seguinte (E digo mesmo aos jovens): “A razão
te faz planejar o futuro com aquela pessoa. A emoção garante seu afeto e
carinho.” Suponhamos que a pessoa só olhe a paixão, o afeto, o desejo e o
carinho, e esqueça a razão: Corre sério risco de dar errado amanhã – não importa se daqui um dia
ou 10 anos. Todo planejamento na vida requer um olhar para o futuro. Ninguém
deve se lançar ao léu e esperar que as coisas deem certo. Ninguém joga cartas
de baralho para o alto e espera que elas caiam em formato de castelo. Isso é
loucura! É falta de juízo!
A razão nos mostra coisas do tipo:
“Será que quando casarmos ele vai à igreja comigo? Será que um dia ele vai
viver a mesma fé que vivo? Será que um dia ele vai se entregar a Deus? Será que
Deus é o centro da vida dele? Será que conseguirei criar meu filho nas leis do
Senhor, ou nas leis do/da meu namorado/a? Como chegaremos ao consenso sobre
nossa fé?” Pensamentos como estes fazem com que nossos pés fiquem no chão, não
dando lugar ao balão de gás hélio que é a emoção da paixonite. Quem é de Deus
vive para Deus, quem não é, vive para si mesmo. Aí é onde o caldo entorna! O
namoro disfarça bem isso, mas o casamento não.
A razão nos faz pensar sobre o
futuro que queremos: Se de correr o risco, ou, se de buscar algo mais seguro.
Não acho legal corrermos o risco quando Deus já nos direcionou e apontou ao
caminho certo. Quando nossa emoção e razão estão alinhadas aos desejos de Deus,
nossa escolha de namoro será a correta, sem riscos para o futuro.
Existe então o jugo desigual dentro
das igrejas? Claro que sim. Onde houver divergência de pensamentos, haverá jugo
desigual. O que importa é que a razão e a emoção os levem (casal) para mais perto de
Deus. Importa que seu namoro seja um preparo consciente para o que há de vir.
Importa que seu relacionamento leve você e seu/sua namorado/a para mais perto
de Deus.
Se seu namoro hoje é em jugo
desigual de fé, e está dando certo, não quer dizer que no casamento vai
continuar assim. O namoro é a parte boa da união com menos lutas. E namorar
quem compartilha da mesma fé é sinônimo de que vai dar certo? Também não. Onde
há a benção de Deus é onde o relacionamento renderá um futuro. Se Deus não
aprova, não há jugo igual ou desigual que fará dar certo. O jugo desigual só vai
determinar qual “boi vai puxar para frente, e qual não vai conseguir
acompanhar”.
Aí fica a questão: Vale à pena
arriscar? Vale à pena colocar o casamento em risco?
Para mais detalhes, estude a história
de Sansão e Dalila, Jacó e Raquel, Oseias e Gômer, Amnom e Tamar, Sara e
Abraão, Maria e José.
Deus te abençoe, e pense com
carinho!
“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra
qualquer coisa (TIPO NAMORAR), fazei tudo para glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31
Gabriel de Araújo Almeida.