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domingo, 10 de abril de 2016

EVANGELISMO NÃO É EVENTO (LUAN SANTANA, MULHERES BONITAS, FESTA DA BATATA)


“Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus”. Atos 20:24

Alguns anos atrás umas pessoas me chamaram para evangelizar na entrada do maior evento secular da minha cidade (na época eu já não achava que evangelismo era para ser assim) e acabei indo.

Lembro-me do povo dizendo para as pessoas: “Jesus te ama; juízo; Leia esse panfleto” e coisas desse tipo. Eu fiquei extremamente incomodado porque nunca consegui ver isso como evangelismo, mas como um evento de certa forma desrespeitoso com o público do show - aposto que você não gostaria que uma pessoa fosse para a porta da sua igreja antes do culto e ficasse panfletando e tentando te convencer a ir ao show da cidade! Era interessante ver os crentes com a Bíblia debaixo do braço e as pessoas da festa desviando deles para não ter que ouvir os sermões, as lições de moral, os julgamentos, nem mesmo os “Jesus te ama; tamojunto; Deus te abençoe.”

Eu saí de perto dos crentes do evangelismo e sentei na beira de uma calçada à entrada do portão principal, de certa forma chateado pela situação. Estando sentado, um rapaz se aproximou, sentou do meu lado e a gente começou a trocar ideia. Enquanto ele falava sobre o Luan Santana e eu ouvia, a gente observava os crentes evangelizando, mas ele não sabia que eu estava acompanhando aquele povo! Lembro que os crentes olhavam para mim com aquela cara do tipo: “Levanta daí e vai evangelizar. Você não veio aqui para bater papo.” A conversa com o rapaz foi evoluindo – mais de 1 hora de resenha – no meio do papo lembro-me de ter falado que ele era especial para Deus, até que ele me disse: “Mano, a verdade é que eu vim para essa festa só para roubar. Eu bato a carteira das pessoas enquanto elas pulam e curtem o show. Eu nunca pensei que Deus amasse alguém que faz o que eu faço. Sempre roubo. Venho de BH para cá só para isso. Mas essa conversa paralela com você aqui me fez sentir que Deus me ama. Eu sei que estou errado”. Pronto! Estava feito. O Espirito Santo é quem convence do pecado e havia convencido aquele rapaz. A verdade é que eu não queria fazer papel de evangelismo clichê, nem de estar fazendo o que muitos dos outros faziam. Só queria sentar e ser o que eu sou todos os dias. Não queria ser um alguém que muda de uma hora para outra só por causa do evento. Enquanto eu conversava sobre Luan Santana, mulheres bonitas, oportunidades na vida, brigas dentro de casa com o rapaz, uma frase bastou para mudar toda uma história de pecado do rapaz, aliás... Não só essa frase, mas o relacionamento, o papo sem julgamento e acusações, bem assim, sendo normal e espontâneo. O rapaz então pediu uma oração, oramos ali e ele entrou para o show um tanto quanto abalado pelo amor de Deus. Trocamos telefone e continuei falando com ele por alguns meses.

E quando eu penso que tudo havia acabado, chega outro rapaz (não mais que 17 anos) e fica ao meu lado na calçada. Ele me olha e diz: “Você também está esperando a sua muié?” Eu disse: “Não, mano. Tô de bobeira, nem vou entrar. Só estou aqui olhando.” A partir daí uma nova conversa surgiu. Os mesmos olhares que recebi dos crentes antes, eu estava recebendo novamente. Nem me incomodei! Havia reparado que o garoto estava meio chapado enquanto vomitava sua história louca de vida. Outro trombadinha! Conversa foi e veio, trocamos telefone, e ele disse que já havia ido numa igreja na cidade dele, mas que não era frequentador. Falei que ele era especial para Deus e que Deus tinha planos de esperança e paz para os que Nele confiassem. Acho que falar sobre paz sacudiu o peito do garoto. Oramos, ele se emocionou e disse que iria tentar não fazer nada de errado no show. O Espirito Santo é quem convence do pecado.

Saí dali e fui para o meio dos crentes que diziam: “Falei de Deus para 100; Falei para 50; Meus panfletos esgotaram, tive que pegar mais com fulano; Gabriel conversou com dois, mas deve ter sido produtivo, né?...” Poxa vida! Onde estavam os dispostos a se relacionar diretamente com alguém, seja lá na porta do show ou acompanhando essas pessoas pelo resto da semana, do mês, do ano, ou pelo tempo necessário? Por que o evangelismo tinha cara de evento? Por que realizar só em determinadas épocas? Por quê?

Sei que estando ali com os crentes, me senti muito incomodado por tratar o que era para ser uma vida como sendo um momento, um evento, uma “programação especial”. Deus pode falar com as pessoas nesses “eventos”? Claro que pode, Ele é Deus. Mas nosso conhecimento sobre viver Deus não pode ser limitado a eventos e esquecer o que é vida na vida, sobre essência, sobre modo de vida.

Graças a Deus naquele dia duas pessoas ouviram um pouco sobre mulher bonita, Luan Santana e o amor de Deus! Mudou minha vida e espero que tenha mudado algo naqueles caras!

Evangelismo não é evento, é estilo de vida. Evangelismo não é evento, é o ecoar do amor de Deus em você por todos os dias.

Deus te abençoe!


Gabriel A. Almeida.

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