“Todavia,
não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se
tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor
Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus”. Atos 20:24
Alguns anos
atrás umas pessoas me chamaram para evangelizar na entrada do maior evento
secular da minha cidade (na época eu já não achava que evangelismo era para ser
assim) e acabei indo.
Lembro-me do
povo dizendo para as pessoas: “Jesus te
ama; juízo; Leia esse panfleto” e coisas desse tipo. Eu fiquei extremamente
incomodado porque nunca consegui ver isso como evangelismo, mas como um evento
de certa forma desrespeitoso com o público do show - aposto que você não
gostaria que uma pessoa fosse para a porta da sua igreja antes do culto e
ficasse panfletando e tentando te convencer a ir ao show da cidade! Era
interessante ver os crentes com a Bíblia debaixo do braço e as pessoas da festa
desviando deles para não ter que ouvir os sermões, as lições de moral, os
julgamentos, nem mesmo os “Jesus te ama; tamojunto; Deus te abençoe.”
Eu saí de
perto dos crentes do evangelismo e sentei na beira de uma calçada à entrada do
portão principal, de certa forma chateado pela situação. Estando sentado, um
rapaz se aproximou, sentou do meu lado e a gente começou a trocar ideia. Enquanto
ele falava sobre o Luan Santana e eu
ouvia, a gente observava os crentes evangelizando, mas ele não sabia que eu
estava acompanhando aquele povo! Lembro que os crentes olhavam para mim com
aquela cara do tipo: “Levanta daí e vai evangelizar. Você não veio aqui para
bater papo.” A conversa com o rapaz foi evoluindo – mais de 1 hora de resenha –
no meio do papo lembro-me de ter falado
que ele era especial para Deus, até que ele me disse: “Mano, a verdade é que eu vim para essa festa só para roubar. Eu bato a
carteira das pessoas enquanto elas pulam e curtem o show. Eu nunca pensei que
Deus amasse alguém que faz o que eu faço. Sempre roubo. Venho de BH para cá só
para isso. Mas essa conversa paralela
com você aqui me fez sentir que Deus me ama. Eu sei que estou errado”.
Pronto! Estava feito. O Espirito Santo é
quem convence do pecado e havia convencido aquele rapaz. A verdade é que eu
não queria fazer papel de evangelismo clichê, nem de estar fazendo o que muitos
dos outros faziam. Só queria sentar e ser o que eu sou todos os dias. Não
queria ser um alguém que muda de uma hora para outra só por causa do evento.
Enquanto eu conversava sobre Luan Santana, mulheres bonitas, oportunidades na
vida, brigas dentro de casa com o rapaz, uma frase bastou para mudar toda uma história
de pecado do rapaz, aliás... Não só essa frase, mas o relacionamento, o papo
sem julgamento e acusações, bem assim, sendo normal e espontâneo. O rapaz então
pediu uma oração, oramos ali e ele entrou para o show um tanto quanto abalado
pelo amor de Deus. Trocamos telefone e continuei falando com ele por alguns
meses.
E quando eu
penso que tudo havia acabado, chega outro rapaz (não mais que 17 anos) e fica ao
meu lado na calçada. Ele me olha e diz: “Você
também está esperando a sua muié?” Eu disse: “Não, mano. Tô de bobeira, nem
vou entrar. Só estou aqui olhando.” A partir daí uma nova conversa surgiu. Os
mesmos olhares que recebi dos crentes antes, eu estava recebendo novamente. Nem
me incomodei! Havia reparado que o garoto estava meio chapado enquanto vomitava
sua história louca de vida. Outro trombadinha! Conversa foi e veio, trocamos
telefone, e ele disse que já havia ido numa igreja na cidade dele, mas que não
era frequentador. Falei que ele era especial para Deus e que Deus tinha planos
de esperança e paz para os que Nele confiassem. Acho que falar sobre paz
sacudiu o peito do garoto. Oramos, ele se emocionou e disse que iria tentar não
fazer nada de errado no show. O Espirito Santo é quem convence do pecado.
Saí dali e
fui para o meio dos crentes que diziam: “Falei de Deus para 100; Falei para 50;
Meus panfletos esgotaram, tive que pegar mais com fulano; Gabriel conversou com
dois, mas deve ter sido produtivo, né?...” Poxa vida! Onde estavam os dispostos
a se relacionar diretamente com alguém, seja lá na porta do show ou
acompanhando essas pessoas pelo resto da semana, do mês, do ano, ou pelo tempo
necessário? Por que o evangelismo tinha cara de evento? Por que realizar só em
determinadas épocas? Por quê?
Sei que
estando ali com os crentes, me senti muito incomodado por tratar o que era para
ser uma vida como sendo um momento, um evento, uma “programação especial”. Deus
pode falar com as pessoas nesses “eventos”? Claro que pode, Ele é Deus. Mas
nosso conhecimento sobre viver Deus não pode ser limitado a eventos e esquecer
o que é vida na vida, sobre essência, sobre modo de vida.
Graças a
Deus naquele dia duas pessoas ouviram um pouco sobre mulher bonita, Luan
Santana e o amor de Deus! Mudou minha vida e espero que tenha mudado algo
naqueles caras!
Evangelismo não é evento, é estilo de
vida. Evangelismo não é evento, é o ecoar do amor de Deus em você por todos os
dias.
Deus te
abençoe!
Gabriel A.
Almeida.
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